A raiva e a desigualdade de gênero
- talithaantonucci
- 12 de jul. de 2022
- 2 min de leitura
No dia 11 de julho de 2022, todos ficamos chocados com as notícias de que um médico havia estuprado uma paciente durante o parto. Eu me senti completamente enfurecida com o acontecido, com esse mundo no qual as mulheres não estão seguras em nenhum lugar, com qualquer idade e em qualquer situação. Coincidentemente, eu estou lendo o livro da Kristin Neff, e me identifiquei muito com a parte que ela fala sobre raiva. Por isso decidi compartilhar com vocês um pouco das reflexões dela:
No início do desenvolvimento, meninos e meninas sentem raiva no mesmo nível, mas depois o sentimento das meninas é tratado de maneira diferente. As meninas são incentivadas a serem agradáveis, prestativas e cooperativas, ou seja, a serem boazinhas, enquanto os meninos e mais tarde quando homens, são vistos como apaixonados e comprometidos quando enfurecidos, mostra que têm coragem.
Nós mulheres simplesmente não podemos ficar com raiva. Mulheres furiosas são vistas como loucas, irracionais e desequilibradas. A deslegitimação dessa emoção básica prejudica nossa saúde mental.
As mulheres não tem permissão para expressar externamente a raiva da mesma forma que os homens, então tendemos a dirigi-la para dentro na forma de autocrítica. Muitas vezes nos julgamos internamente por perdemos o controle e sentirmos raiva. A autocrítica derruba a autoestima e pode nos levar a desenvolver depressão e transtornos de ansiedade.
Mas se ao invés de deixarmos a nossa raiva alojada em algum lugar, utilizarmos esse recurso importante e poderoso, a raiva pode se tornar uma emoção muito útil.
A raiva nos dá energia, causa uma explosão de motivação para impedir danos ou injustiça, e também nos equipa para uma ação de autoproteção.
A raiva ilumina um problema que exige nossa atenção, ela nos alerta para o fato de que algo está errado.
A raiva proporciona uma sensação de controle pessoal e empoderamento. Quando estamos com raiva e empenhadas em mudar as coisas para melhor, não somo mais vítima, assumimos o espírito de uma sobrevivente.
Embora a raiva desenfreada não seja útil, a sua energia pode se tornar incrivelmente proveitosa quando devidamente direcionada e focada em sistemas injustos que causam sofrimento. É a chave para dizermos algo sobre a circunstância em que nos encontramos.
Referência bibliográfica:
NEFF, Kristin. Autocompaixão Feroz: Como as mulheres podem fazer uso da bondade para se manifestar livremente, reinvindicar seu poder e prosperar. Tradução de Beatriz Marcante Flores - Teresópolis, RJ. Lúcida Letra, 2022. pág 82-98.
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